terça-feira, 16 de junho de 2015

Meu testemunho: Parte 2

Quando estamos no fundo do poço sempre pensamos que a nossa situação não pode piorar... Mais quando você menos espera aquele fundo de poço se abre e você caí ainda mais.



PARTE 02: MINHA ADOLESCÊNCIA


Depois que minha mãe começou a trabalhar por um tempo até que tudo ficou bem... mais como eu disse... foi só por um tempo e logo tudo voltou ao sofrimento.
Me lembro da noite que meu pai saiu de casa, eu chorei demais e na hora que vi meu pai saindo com as suas malas, dentro de mim eu disse: "acabou... agora NUNCA mais eu serei a mesma."
Acho que disse aquilo com tanta intensidade e de todo o meu coração que realmente eu nunca mais fui a mesma. Eu amava a minha mãe mais a mágoa que sentia dela era forte demais em meu coração... Era uma mistura estranha e por causa dessa profunda mágoa que carregava dentro de mim, comecei a ser uma filha rebelde.
Eu não obedecia mais a minha mãe, quando queria algo e ela dizia não... eu sempre batia de frente com ela até conseguir o que eu queria. Nem sempre eu conseguia, às vezes a única coisa que conseguia era os gritos dela e o desprezo; mas ainda assim eu batia de frente com ela.


Minha mãe saía cedo de casa pra trabalhar e acabava que sobrava pra mim cuidar da casa e das minhas irmãs. Eu estudava cedo, então quando voltava tinha que levar a minha irmã mais nova na pré escola, depois tinha que arrumar a casa e ainda arrumar um tempo para fazer as lições de casa. Quando a minha mãe chegava do serviço sempre brigava comigo: ou porque eu não tinha feito café, ou porque eu não tinha lavado o banheiro, ou porque eu não tinha lavado a roupa... qualquer coisa era motivo.
Ai você imagina: se eu já tinha mágoa dela com essa atitude que ela tomava fazia eu ter ainda mais mágoa. Porque ela não via as coisas que eu fazia por ela e por minhas irmãs mais ficava olhando as coisas que eu tinha deixado de fazer. E você que é mãe entenda: seu filho não é você... ele é outra pessoa e por este motivo não adianta você ficar querendo que ele pense como você ou que faça as coisas como você faz porque isso não vai funcionar.


Meu pai tinha saído de casa mais ainda assim as brigas continuarão mais agora o alvo era EU. Todo os dias eu e minha mãe discutia por qualquer coisa, hoje vejo que era coisas tão besta, tão insignificante mais na época era motivo suficiente para deixar a casa com um clima ruim.
Fui crescendo assim em um lar cheio de brigas... Com os meus 13 anos comecei a minha vida "amorosa". Tive os meus primeiros paqueras (posso assim dizer).
Conheci um rapaz na minha escola e gostava muito dele (aquela coisa de adolescente mais adolescente da minha época não de hoje em dia que tá tudo horrível e bagunçado). Eu gostava muito dele mais ele não estava nem ai pra mim, afinal ele era mais velho do que eu então ficava só brincando com os meus sentimentos e me fazendo sofrer ainda mais.
Quando ele descobriu que eu gostava dele começou a me humilhar na frente de todos da escola e na frente das minhas amigas; mais a boboca aqui nem se tocava e continuava correndo atras dele (meu Deus quanta burrice rsrsrs).


Um dia uma amiga minha tinha arrumado um "esquema" (é assim que se diz hoje em dia? na minha época era rsrsrsrs) pra eu "ficar" com ele. Ele até aceitou e quando cheguei no local marcado na hora da saída da escola fiquei lá esperando ele chegar. Quando ele chegou, passou por mim como se nem me conhecesse e saiu andando rindo da minha cara que fiquei lá parada feito uma estátua com cara de boba rsrsrsrsrs (gente hoje isso é engraçado mais na época eu sofri rsrsrsrs).
Imagina a minha cabeça: Meu pai, o homem que mais admirava na vida tinha ido embora de casa e agora era raro as vezes que via meu pai... minha mãe só vivia gritando comigo, me xingando e jogando pragas sobre a minha vida... e pra piorar ainda mais a situação o menino que eu gostava me desprezava... Gente era muita coisa pra minha cabeça de adolescente, se antes eu já era cheia de complexos depois de tudo isso só fez é piorar a minha situação.


Foi assim a minha adolescência: quando eu gostava do menino, ele não gostava de mim. E quando ele gostava de mim, eu desprezava ele. Minhas brigas com a minha mãe pioravam cada dia mais e mais. A mágoa que sentia dela aumentava  cada dia mais; foi ai que um dia eu me lembrei do meu verdadeiro Amigo... Jesus.
Senti uma enorme vontade de voltar pra igreja porque me lembrei que quando era criança e ia com os meus pais lá dentro da igreja era o único momento que sentia paz na minha vida e esperança de que um dia tudo aquilo ia passar. E assim voltei pra Jesus, comecei a participar das reuniões na igreja, me libertar, entrei no grupo jovem de lá. Mais não pense que minha situação melhorou só por causa disso que não foi bem assim, não.
Somente eu ia na igreja e pelo fato da minha mãe e das minhas irmãs não irem era mais um motivo para brigas e perseguição. Minha mãe não entendia porque eu tinha que ficar o dia todo na igreja evangelizando, eu não agia com sabedoria fazendo isso, realmente estava errada mais pra falar a verdade eu ficava o dia todo na igreja porque nem tinha mais vontade de estar em minha casa ao lado da minha família. Eu sabia que quando chegasse em casa seria brigas e mais brigas... piadas porque minha mãe ria da minha fé, ia viver um inferno; então preferia ficar na igreja ao lado de pessoas que falavam a mesma língua de fé do que eu.


Fiquei indo na Igreja por um tempo mais logo me afastei de novo; por mais que eu estivesse dentro da igreja meu coração ainda carregava mágoas da minha mãe e ainda carregava muito do mundo dentro de mim. Por isso não aguentei muito tempo e logo me afastei de Jesus, assim o vazio que carregava dentro do peito piorou e foram várias as noites que passei em claro chorando e pensando em morrer.
Na frente dos meus amigos e da minha família, eu era uma menina alegre e feliz mais quando estava sozinha com os meus pensamentos eu me acabava em lágrimas e solidão. Na verdade eu me sentia sozinha mesmo tendo várias pessoas ao meu lado, acredito que este é o pior tipo de solidão que exista. Você ter várias pessoas ao seu lado mais se sentir sozinha, sem ninguém; só quem já passou por isso ou passa por isso sabe do que eu estou falando.
Como já não estava mais na Igreja comecei a frequentar as festas tentando assim preencher o vazio da minha alma. Nestas festas fui apresentada as bebidas alcoólicas, aos homens que "ficavam" comigo me usando e jogando fora como se eu fosse um pedaço de papel higiênico, onde eles limpavam a sujeira deles e depois descartava aquele papel sem importância. 


Meu sofrimento só aumentava; mais eu estava tão cega espiritualmente e tão sem forças para lutar que não reagia e vivi assim anos e mais anos da minha vida. Sendo usada e sendo humilhada por tudo e por todos sem nem mais reagir contra aquilo tudo.
Foi ai que um dia voltando da escola decidi que queria morrer e ao atravessar a rua vi que estava vindo um carro e me joguei na frente dele afim de morrer atropelada. Mais uma vez o meu plano deu errado, o carro conseguiu frear e a única coisa que consegui foi fazer o motorista do carro me xingar e dizer que eu era louca.
Depois tentei o suicídio várias outras vezes mais nunca conseguia nada, nem pra isso eu prestava pensava eu.
Fui crescendo cada vez mais angustiada, cheia de complexos, mágoas e ainda com um vazio muito grande em meu coração.


Não era apenas eu que sofria, minha mãe também sofria e sofria muito mesmo por conta de tudo o que estava acontecendo em nossa casa e em nossa família. E em uma madrugada que ela não conseguia dormir ao ligar a TV assistiu uma programação da igreja e na manhã seguinte procurou ajuda em Deus. Ela voltou à igreja juntamente com as minhas irmãs mais eu nem queria saber disso de Deus e de igreja por isso não fui com elas.
Minha mãe pegou firme, se batizou e começou a mudar em relação a mim, já me tratava melhor; não brigava tanto a não ser quando realmente eu fazia algo de errado.
Eu deveria estar com os meus 15 anos mais ou menos e foi quando consegui uma bolsa de estudos lá no serviço da minha mãe. Comecei a fazer um curso profissionalizante e ao final dele a escola encaminhava os jovens para o mercado de trabalho. Era bem puxado e cansativo porque eu acordava cedo, ia pro curso e ficava o dia todo lá; quando saía tinha que correr pra casa e já ir pra escola só chegava em casa tarde da noite e já bem cansada.


Ao final deste curso consegui um bom emprego em uma Multi Nacional, era tudo o que queria porque sabia que ali poderia crescer profissionalmente. Minha mãe e minhas irmas continuavam firme buscando na Igreja e buscando pela minha libertação também, mais até então eu não queria nem saber. Minha vida era trabalhar o dia todo, estudar de noite e nos fins de semana sair com os amigos pra beber e fumar (sim nessa época eu comecei a fumar escondido da minha mãe). "Ficava" com os caras tentando preencher o vazio da minha alma mais nada adiantava, a alegria que sentia era só naquele momento mais logo passava e quando o vazio voltava era cada vez pior. Foram várias as noites que passei em claro chorando e sem conseguir dormir. Era uma dor insuportável, a minha alma clamava pedindo socorro.
Aquele ano (como todos os outros) foi assim: de dor e sofrimento até que chegou o final do ano e como de costume minha mãe e minhas irmãs iam passar a virada de ano na igreja. Naquela manhã acordei tão triste mais tão triste porque era o último dia do ano e eu sabia que no próximo ano seria tudo igual e eu já estava cansada de tanto sofrimento. Então decidi dar um fim na minha vida naquela noite.


Os meus planos eram: assim que minha mãe e minhas irmãs saíssem para ir a igreja eu ia me matar... Já estava decidida e realmente naquela noite eu ia me matar nem que eu tivesse que me enforcar mais realmente estava decidida nisso. Acordei tão triste naquela manhã que não tive forças nem de me levantar da cama, passei o dia todo deitada chorando e planejando a minha morte.
Minha mãe e minhas irmãs estavam felizes arrumando tudo para passar a virada de ano na Presença de Deus e elas me convidaram para estar junto delas mais claro que eu recusei este convite.
Quando foi de noite minha mãe ligou a TV que estava no quarto e enquanto ela arrumava as roupas delas ficou assistindo a TV, como eu estava deitada na cama ainda; acabei escutando a programação e me virei pra assistir também. Era o Bispo Macedo falando em uma reunião de Domingo de manhã na Catedral da João Dias... Nossa que saudade que me deu naquela momento, me lembrei das manhãs de Domingo onde eu buscava ao meu Senhor, das reuniões do Grupo Jovem ao lado dos meus amigos que todos esses anos não tinham me abandonado. Eles sempre iam até a minha casa me convidar para voltar mais eu sempre recusava os convites achava que era melhor ficar com os meus "amigos" do mundo. Mais ali em cima daquela cama, chorando onde estava estes "amigos"? Eu não tinha ninguém ao meu lado, ninguém mesmo a não ser a minha família que tentou de tudo pra me fazer levantar daquela cama e sorrir um pouco.


Ouvindo o Bispo não aguentei e comecei a chorar incontrolavelmente e minha mãe mais uma vez me convidou pra ir na Igreja com elas e de tanto ela falar e falar acabei aceitando o convite e fui.
Lembro que coloquei a primeira roupa que achei no guarda-roupa e fui... Ao chegar na porta da Igreja, os jovens correram pra me abraçar e me receber. Pela primeira vez em toda a minha vida me senti amada de verdade. Aquela recepção me fez tão bem que eu me senti até melhor e mais a vontade dentro da Igreja. 
É estranho quando a gente se afasta e volta sempre nos sentimos um peixe fora d'água, não é mesmo? Mais devido ao amor que eles me deram não me senti assim.
Voltei exatamente no dia 31 de Dezembro de 2004, virada de ano e início de Fogueira Santa de Israel. Que época boa pra se voltar, não é mesmo meninas rsrsrsrsrs?
E ali naquela noite tudo mudou como da água para o vinho.


Continua... 



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