sexta-feira, 3 de julho de 2015

Testemunho da Brígida

Eu venho de uma família de 3 filhos (sendo eu a mais nova) e uma mãe solteira, nascida e criada em Belo Horizonte- MG. Minha mãe sempre lutou muito para que meus irmãos e eu tivéssemos o melhor, ela sempre teve empregos com salários muito bons, mesmo com o pouco nível de instrução escolar, mas por algum motivo, nada em nossas vidas desenvolvia, mesmo com minha mãe ganhando bem... Vivíamos em um barraco na favela (nada contra quem more na favela) e quando chovia, corríamos com baldes para colocar debaixo das goteiras. Tudo que a gente comprava em casa, "misteriosamente" quebrava ou estragava... Já tínhamos reparado também que "misteriosamente" sumiam peças de roupas nossas de dentro de nossa casa... Por mais higiênicos que fossemos conosco e com a casa, frequentemente nossa casa era invadida por ratos... Acabava uma ninhada e logo em seguida vinha outra... Era uma miséria dentro de casa!!! Quando eu tinha por volta de 10 anos... Meu irmão com 11 anos se envolveu no crack, e isso desestruturou minha família e mexeu muito comigo, pois eu era muito ligada a meu irmão,  e por ele estar alucinado pelas drogas,  ele virava noites na rua, e quando chegava me espancava, me deixava sem comer... Eu sentia muito ódio daquela situação,  mas não contava pra minha mãe o quanto ele me maltratava, pois eu tinha pena dele e sabia que eu era o "xodó da mamãe"', e que se ela soubesse dessas coisas, certamente o espancaria também! Não consigo contar as vezes que minha mãe ia buscar meu irmão na delegacia por ter cometido algum ato infracional... A decepção no rosto da minha mãe era latente... Com muita dificuldade minha mãe conseguiu mudar conosco para um lugar que não era uma favela.



Não era uma favela no nome, porque a "casa" era tão ou até pior que a anterior... Eu tinha 12 anos nessa época,  mudou somente minha mãe e eu, (minha irmã mais velha estava morando com a avó e meu irmão morando nas ruas... Sim, nas ruas, como um mendigo! Me recordo uma vez que por ventura o encontrei na favela que morávamos e eu não o reconheci... Ele estava magro, sujo, fedido e triste... E eu também me sentia triste por isso... Ele sempre foi meu irmão amado, a única figura masculina que eu tinha... E o fato de não poder ajuda-lo me machucava!!! Como disse eu era o "xodó da mamãe" e como meu irmão havia se tornado o centro das atenções,  eu fiquei em segundo plano... Minha mãe conseguiu fazer com que meu irmão aceitasse um tratamento clínico e durante esse período,  ela se dedicava a ele... E não procurava saber como eu estava,  o que pensava e etc... Com 14 anos eu parei de ir a Escola, por conta própria,  e ela só foi saber meses depois... Essa foi a primeira vez que brigamos... Eu sempre fui uma pessoa de opinião, achava que o que eu dizia deveria ser lei! Minha mãe me trocou de escola a meu pedido... Com 15 anos eu era a mais popular da escola, cercada de "amigos", todos gostavam de mim, meus professores,  família... Todos... Tinha ótimas notas e no popular,  ficava com os garotos que queria, eu me sentia a tal... Mas em casa eu era totalmente diferente... Chegava da escola e me trancava no quarto, só saia a noite quando minha mãe chegava do trabalho, as vezes ela chegava e eu já estava dormindo, me recordo que nessa época comecei a desenvolver uma espécie de "fobia social", comecei a me tornar um jovem calada, pensativa sozinha... Aqueles amigos que eu tinha, já não eram mais meus "amigos" fiz "amigos" novos.




Comecei a fumar cigarros, beber, roubar e usar drogas... Eu com 15 anos bebia de Segunda a Domingo, fumava dois maços de cigarros por dia, sentia falta de ar de tanto fumar... Chegava em casa de madrugada ou amanhecendo, as brigas com minha mãe eram frequentes, e ás vezes de madrugada ia ate o quarto dela,  sentindo vontade de sufoca-la com o travesseiro... Mas eu amava minha mãe e não entendia o porque daquele desejo maligno... Nessa época minha mãe começou a namorar um homem que só "sugava" ela... E as coisas dentro de casa começaram a faltar algumas vezes... Eu me sentia de lado... Só morava minha mãe e eu nessa época,  meu pai nunca foi presente... A cada dia eu me aprofundava mais nos vícios,  incluindo a prostituição e a masturbação... Sim, masturbação... Ás vezes tinha acabado de "ficar" com alguém e sentia a necessidade de me satisfazer com esse ato, desenvolvi esse comportamento com uns 8 anos, mesmo não entendendo bem o que era naquele período,  chegando a me masturbar em local público!  As drogas e bebida me fizeram dormir na rua, me humilhar por um "papelote" de cocaína,  desrespeitar minha família,  perder empregos,  por ter bebido a noite anterior e na manhã seguinte não conseguir ir para o trabalho... Sem contar que larguei os estudos por diversas vezes, nunca conseguia o emprego que queria... Eu até trabalhava, aliás desde os 15 anos, para sustentar meus vícios,  mas limpando o chão do boteco da esquina de casa, vendendo DVD pirata, em um restaurante... Nunca conseguia o emprego dos meus sonhos, por mais inteligente que fosse... As coisas para mim não caminhavam, até o que era pra dar certo em minha vida, dava errado... Eu tinha vários casos amorosos,  tanto com homens quanto com mulheres... Eu nunca estava fisicamente sozinha, mas existia um vazio em minha alma... Eu via vultos, ouvia vozes e tinha muito medo da morte, porque desde de criança uma voz me dizia que eu morreria cedo... E tudo na minha vida caminhava para este caminho.




Eu vivi assim dos 15 aos 21 anos... No dia 01/04/2011 eu passei o dia dentro de casa com uns amigos bebendo e usando cocaína, eram grandes quantidades... Esse dia foi meu fundo de poço... Ao final deste dia, eu estava tomando banho e ouvi chamarem pelo meu nome no portão... Como eu realmente ouvia vozes, nem dei importância... Dai insistiram e me chamaram mais duas vezes, resolvi ir no portão ver quem era, fui surpreendida com dois homens de capacete em cima de uma moto armados, que dispararam dois tiros contra mim, (fora os que o revólver falhou), a queima roupa, um tiro pegou de raspão em minha perna direita e o outro pegou em cheio na minha cintura... Mesmo ferida eu entrei correndo pra dentro de casa, os homens foram embora na moto... Fui socorrida por policiais militares,  e eu odiava "os gambé" rsrsrs, e logo quem eu odiava foi colocado em meu caminho para me ajudar... Eu era uma pessoa arrogante, folgada e orgulhosa,  cheia de si, mesmo não sendo e não tendo nada... Eu era desprezível... Minha família tinha vergonha de dizer que eram meus parentes,  minha mãe tinha vergonha de mim... Eu era a vergonha em pessoa... E estava a 7 metros abaixo do fundo do poço... Queria morrer, mas não tinha coragem para tirar minha vida... Não prestava nem para morrer... Fui para o hospital baleada, os médicos me reviraram dos pés a cabeça... Eu pedia água e não podiam me dar... Eu fiquei dois dias sem beber água,  eu amava água gelada,  rsrsrsrsrs, mas não me davam, eu sonhava que estava bebendo água e acordava com a boca seca... Só molhavam um pano e encostavam em minha boca... Minha mãe chegou logo depois que dei entrada no hospital... Eu deitada na maca e minha mãe que tinha acabado de chegar do trabalho estava caminhando em minha direção... Com um olhar que me marcou,  mesmo eu naquela situação tendo dado tantos desgostos,  eu vi amor nos olhos dela, amor misturado com tristeza e alívio,  por eu estar viva... Naquele momento ela em nada me julgou, ela levou roupas para mim e cuidou de mim... O médico que limpava meu ferimento enfiava o dedo dentro do buraco da bala e rodava o dedo la dentro do buraco, e eu gritava de dor, até quase desmaiar, eu gemi de dor todos os 6 dias que fiquei internada. Não podia beber água, comer direito, dormir, pois nenhuma posição ajudava, usei sonda e só tomei remédio pra diminuir as dores depois de 2 dias... Corri risco de vida, pois a bala que me acertou estava a milímetros da veia que bombeia sangue para o coração, os médicos estudaram uma forma de retirar a bala, mas optaram em não retira-la, sim, eu tenho uma bala alojada em meu corpo.




Passado o risco de morte, eu só pensava em vingança,  mesmo não sabendo quem tinha atirado, eu tinha sede de vingança, ódio,  muito ódio,  não entendia quem faria uma maldade dessas comigo... Eu estava disposta a sair do hospital e ir atrás dos responsáveis... Até que cansada de ficar sem fazer nada no hospital, pedi uma amiga para levar um MP3 pra eu ouvir musicas,  ela levou... Eu procurando uma estação de rádio,  coloquei na rádio Aleluia, e naquele momento um Pastor com uma voz forte me chamou atenção... Ele era o Bispo Guaracy (que só fui conhecer depois), aquele que eu achava que fosse um Pastor disse algumas palavras que me fizeram pensar... Eu me levantei, fui ao banheiro e sem ter ideia de como orar, eu falei com Deus (já tinha falado outras vezes, principalmente quando estava drogada) eu disse a Deus que EU queria mudar, que EU estava cansada de viver daquela forma, que se Ele existisse,  Ele me ajudaria... Eu sempre cri em Deus a minha maneira... Recordo que quando sai do banheiro não queria mais vingança,  mas ainda me sentia perdida e com medo.

Medo alias de invadirem o hospital para terminarem o serviço comigo... Ao final de 6 dias eu recebi alta, mas não poderia e nem minha mãe queria que eu voltasse pra casa, temendo minha vida... Foi ai que minha vida começou a mudar... Minha irmã mais velha já casada me convidou para morar na casa dela,  a essa altura ela já tinha conhecido a Igreja Universal do Reino de Deus e inclusive buscava por mim... Eu aceitei na hora ir morar com ela, eu estava totalmente destruída e suja por dentro,  tudo que havia de imundo se encontrava no meu coração... Na primeira semana minha irmã me convidou para ir a Igreja, eu relutei, o mal que estava em mim não deixava... Eu quando criança já tinha ido a IURD com minha mãe,  minha mãe me levou desde a igreja a macumba, sem saber o mal que estava me causando me levando em "terreiro"... Fui uma criança-adolescente-adulta perturbada! Um belo dia decidi ir a igreja, fui a tarde em uma quarta-feira,  pois temia as terças... Cheguei a igreja desempregada, viciada, magoada, vazia, infeliz e triste, mas ouvi A Palavra de Fé e isso me levantou... Eu voltei na quinta, sexta, sábado,  domingo... Comecei a ir todos os dias a igreja e as vezes nas três reuniões... Eu tive sede, eu me agarrei Aquele Deus que ouvi dizer que poderia me ajudar, pois me sentia um caso perdido... Passei por um longo processo de libertação, me libertei das drogas, cigarros, álcool, me curei da terrível gastrite nervosa que eu possuía, me libertei das relações abomináveis diante de Deus e demorei um pouco mais para me libertar da masturbação... Mas me libertei... Eu compreendi que Deus trabalha de dentro para fora e que Ele faz tudo no momento certo, creio que Ele permitiu eu ser baleada para quebrar meu orgulho e me fazer reconhecer o quanto eu precisava e preciso Dele... Eu não tenho palavras para expressar a Ele minha gratidão!!! Hoje estou com 25 anos, tenho um ótimo relacionamento com minha família,  nos amamos, eles não sentem mais vergonha de mim e ate dizem "Brígida ore por mim", rsrsrs... Estou solteira e sem nenhum problema sentimental, pois Deus curou minhas feridas... Estou a 4 anos limpa de tudo,  na presença do Senhor Jesus, sou batizada nas águas, sou batizada com o Espírito Santo, tive um verdadeiro encontro com Ele que é a dose mais forte e hoje sou uma mulher de Deus, depois da Fogueira Santa serei levantada a Obreira pra honra e Glória de Deus! 



Não vejo vultos,  não ouço vozes, não tenho mais insônia,  AMO minha mãe... Hoje tenho uma vida boa, nada me falta... Sou Empresaria,  tenho uma Lanchonete aqui em BH e em tudo Deus tem honrado minha Fé, pois eu aprendi que o que eu preciso pra minha vida vem do altar... Eu aprendi a obedecer e me lançar 100% na Palavra de Deus! Hoje sou feliz, tenho PAZ, em todos os sentidos e o principalmente,  tenho certeza da minha salvação!!! Sei de onde Deus me tirou e sei muito bem para onde não quero voltar! E não importa onde eu vá,  sei que vou arrebentar, pois Deus esta dentro de mim e é TUDO que tenho, é Meu Tesouro Precioso e O que Mais Amo na vida e não saberia mais viver sem Ele... Ele reescreveu minha história e me deu novas chances, foi O Único que acreditou em mim, quando eu me sentia um lixo, Ele me pegou no colo e assoprou em minhas narinas O Seu Fôlego de vida e em gratidão me entreguei a Ele...




Sou Brígida Miranda... Mulher de Deus... Eu sou uma nova Mulher.




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